Acidentes do trabalho: CNAEs com mais acidentes

Postado em 24/11/2024
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Orlane Pereira publicou um post (1) com o título de “5 Soluções de SST para Construtoras e Indústrias” e inicia com a frase: “Em ambientes de alta complexidade como as indústrias e construções, onde riscos e perigos estão presentes (…)”.

Nele apresenta “cinco soluções de SST que podem fazer a diferença para construtoras e fabricantes, adotando uma abordagem de segurança proativa e sistêmica”.

As soluções preconizadas por Orlane objetivam reduzir acidentes de trabalho, e isso me incentivou a procurar em estatísticas do INSS (2) outras atividades que convivem com altos números de acidentes de trabalho.

A imagem mostra 14 CNAES filtrados por um critério aleatório de apresentar mais de 4 mil acidentes/ano. Para mim alguns CNAEs aparecem como se esperava – hospitais (como convivem com isso?), transportes de produtos perigosos, abates de aves e bovinos, construção de edifícios, limpeza urbana, fabricação de açúcar – mas outros foram uma surpresa, pois no meu imaginário (no meu, reforço!) não poderia supor que comércio varejista, bares, comércio de materiais de construção, bancos e franqueados do correio nacional, pudessem apresentar uma condição de relevância no cenário dos CNAEs onde acidentes de trabalho são tão frequentes.

Convivo com a SST há décadas e nesse tempo todo o tema “acidentes do trabalho” é redundantemente citado, e ele segue fazendo vítimas, tanto nos lesados como em empresas; uns pagam com dor e sofrimento físico, outros pagam com dinheiro mesmo. Não entro no mérito do que é pior pois cada vítima sabe avaliar a sua amargura.

O que se observa é que se fosse um jogo, o time do “acidente do trabalho” ganha sempre do da “prevenção”. Quer queiram quer não, os números não mentem. Inclusive, creio que muitas empresas não sabem de sua realidade lesadora, seja porque não tem estatísticas, ou se as tem, elas não são confiáveis porque pela fixação de metas de SST em programas de participação dos empregados nos lucros e resultados, é provável que haja um estímulo à subnotificação interna de acidentes e afastamentos pelos empregados, a fim de evitar prejuízo na sua distribuição da PLR.

Me fixo novamente no texto do Orlane e constato que ele preconiza soluções que devem ser adotadas não só por construtoras mas por outros representantes de atividades muito lesadoras. Quando o time não ganha, ou se muda o técnico ou as táticas adotadas…

A SST é uma atividade muito “conservadora” (para usar um termo amável) para adotar novos processos, métodos e soluções inovadoras como Orlane apresenta. Isso ocorre porque a SST depende da aprovação de organizações para tudo, e aqui há outro tema que merece ao menos uma referência: organizações vítimas dos acidentes de trabalho não sabem quanto eles lhes custam, quanto perdem, e como quem nada sabe nada teme… vida que segue!

Mas nesse mundo de mudanças, em algum momento a SST terá que se adaptar aos novos tempos.

Fontes:

1. https://www.linkedin.com/pulse/5-solu%25C3%25A7%25C3%25B5es-de-sst-para-construtoras-e-ind%25C3%25BAstrias-orlane-pereira-159jf/
2. https://www.gov.br/previdencia/pt-br/assuntos/previdencia-social/saude-e-seguranca-do-trabalhador/acidente_trabalho_incapacidade

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Médico Especialista em Otorrinolaringologia. Mentor Intelectual do software SIGOWEB, aplicação na web destinada à Gestão da SST, eSocial, GRO/PGR, Gestão do FAP e atual Diretor de Inovações.

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